sexta-feira, 13 de março de 2009

Balada da deserta estrada - Cruz Filho





Eu vinha só, pela deserta estrada
Da vida, cheia de aspereza e dor,
Onde a alma se debate atribulada,
Quando encontrei um dia o teu amor.
Parei. Ao meu olhar tanto fulgor,
Tanta paz, tanto sol, tanta magia,
Em torno a mim benigno desparzia,
Que a teus pés murmurei, cheio de unção:
– Ó deusa, que eu sonhava e pressentia,
Eu te confio a minha redenção!


Foi esse amor, esplêndida alvorada,
Acesa sob um céu todo esplendor,
Minh’alma se sentiu transfigurada,
Como Jesus, no cimo do Tabor,
Teu olhar dissipou todo o negror,
A espessa bruma de melancolia
Que o meu sonho de vida escurecia,
E, como ao Cristo, em dias que lá vão,
A redenção da terra Deus confia,
Eu te confio a minha redenção.
Tu me mostraste a deslumbrante escada,
Por onde outrora os anjos do Senhor,
Numa serena e fúlgida revoada,
Vinham tentar, o antigo sonhador.
Eu por ela subi, com o mesmo ardor
Que o visionário bíblico sentia,
E, à música interior que em mim fremia,
Dobrei o joelho sobre o coração.
– Para Deus, para o Bem dos meus passos guia...Eu te confio a minha redenção.

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